Ela bateu em meu portão,mas não quis abrir, nela já não havia mais sorriso, e nem fé, só um poço de orgulho e vaidade. As roupas ela pediu, mas
não havia mais o que buscar. Entre os cacos de vidros e coisas quebradas, As lembranças boas ainda prevalecem. Na cama
vazia, na casa gelada, ainda escuto os gritos e desespero de algo que nem começou e terminou.
É triste e as vezes incompreensível, o porque ficamos presos
ao passado, o porque temos medo de abraçar o novo. Mas tudo na vida é passageiro
e certas coisas marcam nossas vidas de formas tão violentas. Antes... No rosto
vi, era como olhar no espelho, era eu, era a minha história sendo vivida na
vida de outro alguém.
Os momentos que guardei, as risadas sem motivos, a tempo não
sorria assim, foi como um acorda, um faísca que reacendeu meu eu. Não sou santo
e nem quero ser, porque ser, é um fardo
muito grande. Mas termino aqui, e junto
os cacos de vidros e coisas quebradas. Coloco no lixo com todo cuidado para não
se corta. Pois tudo que é material fica e a única coisa que vou carregar é aquele
sorriso que insiste em ficar.
Marcelo Roldão Matos
~22:05
08/08/2016