quarta-feira, 10 de março de 2010

A mãe e filha

Olhei no rosto da mãe da menina e quieto escutei suas palavras, seu corpo falava algo, enquanto seu espírito dizia outra. No decorrer da cena inesperada daquele dia, sentou ao meu lado a filha, e em seu rosto trazia lágrimas, mas em seu coração o conforto de eu estar ali, e logo mais à filha tomou a falar e a mãe só a concordar.

Observando a cena e ao mesmo tempo tentando compreender, naquele instante encontrei dentro de mim lembranças de um passado, o momento era bem parecido e real. Mudou os personagens, mas o principal da historia ainda estava ali, era eu, com o coração apreensivo e observador.

Logo com o meu outro sentido, mesmo vendo a sinceridade da mãe e o choro da filha, não pude deixar de ver e chegar na conclusão. Que não havia verdade, que seus atos eram por puro medo e insegurança. Então me perguntei o que eu faço aqui? E tão logo a resposta veio: -Não foi você que procurou elas, mas sim elas que sempre te observaram e foram ao seu encontro.

Então levantei para ir embora, e o pensamento dizendo para sumir ou desaparecer. Mas o sentimento que batia naquele momento dentro de mim era diferente dos meus pensamentos, e isso ficou dizendo dentro de mim: - Tua liberdade depende da liberdade de alguém.

E assim abracei a filha no portão duas vezes e me fui, sem olhar para trás e com o coração batendo forte. Foi a gota d’água, o ultimo suspiro, minha liberdade foi concebida e ali naquele dia fui testado e todas as magoas e rancores do passado ali ficaram, fui descarregado e por sete dias derramei todas as lágrimas que em sete anos não chorei.

Marcelo Roldão Matos

10/03/2010

02:21~

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